Atraves do humor Chico Anisío fez inumeras criticas a sociedade de sua época, usando o sorriso para provocar reflexão sobre os problemas de uma sociedade capitalista. Chico é sem sombra de dúvidas o maior humorista brasileiro deste século. Obrigado por nos fazer sorrir até nos piores momentos de nossas vidas...
Centenas de personagens, oito filhos, seis mulheres, várias declarações
polêmicas, muita vontade de ajudar quem sempre viveu do humor, alguns
desafetos no percurso, mas também gerações influenciadas por ele e um
país de admiradores ao longo de 65 anos de carreira. Chico Anysio se
vangloriava de ser nordestino, daqueles que não fogem à luta. E foi
assim até o fim. Maior humorista da TV brasileira, ele não se rendeu
facilmente e, nos últimos três meses, travou um batalha pela vida, mas
não resistiu. Chico morreu nesta sexta-feira, aos 80 anos, no Hospital
Samaritano, em Botafogo, no Rio. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o
governador do estado, Sérgio Cabral, decretaram luto oficial de três
dias em todo o Rio de Janeiro, mesmo tempo em que o estado do Ceará,
terra natal do astro, ficará em luto. Segundo o advogado da família,
Paulo César Pinto, o velório será realizado neste sábado no Teatro
Municipal, no Rio, às 12h. A partir das 14h, o espaço ficará aberto ao
público para que os fãs se despeçam do ídolo. O corpo será cremado neste
domingo, no cemitério do Caju, ainda sem previsão de horário.
— Não tenho medo de morrer. Só acho uma pena, quando ainda tenho
tanta coisa a fazer, para ver, tanto filho para ajudar, tanto neto. Mas
não posso lutar contra o inevitável — disse Chico ao GLOBO em maio de
2011.
Chico Anysio sofreu duas paradas cardiacas nesta sexta-feira
e faleceu às 14h52min, por conta de falência múltipla dos órgãos
decorrente de choque séptico causado por infecção pulmonar. O comediante
foi internado no Hospital Samaritano, no dia 22 de dezembro de 2011,
com hemorragia digestiva. Chegou a melhorar, mas teve várias
complicações respiratórias e sofreu mais uma infecção pulmonar aguda
nesta semana. Na quinta-feira, passou por um processo cirúrgico para
drenagem de grande hematona na pleura, a membrana que envolve os
pulmões. Durante grande parte da vida ele teve enfisema pulmonar,
causada pelo uso excessivo do cigarro.
No início de março, o
quadro clínico de Chico chegou a dar esperanças à família. Em sua página
no Twitter, a mulher do humorista, Malga Di Paula, comentava que ele
estava muito melhor. Segundo ela, o comediante, ainda no CTI, tinha
assistido na TV a partidas de seu time, Vasco da Gama, e conseguido se
sentar. Porém, no último dia 20, o seu estado piorou. Chico apresentou
disfunções respiratória e renal e voltou a respirar com a ajuda de
aparelhos em tempo integral.
Esta foi a terceira internação do
humorista num período de menos de dois meses. No dia 30 de novembro de
2011, ele foi levado ao hospital em função de uma febre alta. Durante a
internação, foi descoberta uma contaminação por fungos, tratada com
antibióticos. Antes, ele havia deixado o hospital no dia 11 de novembro,
depois de permanecer cinco dias no local por causa de fortes dores nas
costas.
No começo do ano passado, o artista teve problemas
cardiorrespiratórios e ficou no hospital por quase quatro meses. Durante
os 110 dias, o humorista esteve por 78 deles num CTI, sendo que em coma
induzido por 22. Chico se recuperou a tempo de comemorar seus 80 anos
em casa, no dia 12 de abril de 2011.
Francisco Anysio de Oliveira
Paula Filho nasceu em 12 de abril de 1931, em Maranguape, no Ceará, e
veio para o Rio de Janeiro, com a família, aos 7 anos. Mudou-se com a
mãe e três irmãos. O pai permaneceu em sua cidade natal para tentar
refazer a vida como construtor de estradas de rodagem. A família passou a
viver numa pensão no bairro do Catete, abrigada em diferentes quartos.
A
ideia inicial de Chico era estudar para ser advogado, mas a veia cômica
e a necessidade de trabalhar mudaram seus planos. O cearense, que ainda
jovem fazia imitações de personalidades, preparou um número com 32
vozes que o fez ganhar vários concursos de programas de calouros, como o
"Papel carbono", de Renato Murce, e a "Hora do pato", apresentado por
Jorge Cury, ambos da Rádio Nacional.
Aos 17 anos, ele fez um teste
na Rádio Guanabara e ficou em segundo lugar em locução. Trabalhou em
outras rádios nos anos 40 e até o começo da década de 50. Com 19 anos
foi para a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, onde permaneceu por um
ano antes de voltar para o Rio.
O ator trabalhou ainda na Rádio
Clube do Brasil, até que, em 1952, retornou à Mayrink Veiga como autor e
diretor de vários programas ("A Rainha canta", com Ângela Maria; "Rio
de Janeiro a Janeiro"; "Buraco de Fechadura"; "Vai Levando"). Ao mesmo
tempo atuou em atrações estreladas por Haroldo Barbosa, Antônio Maria e
Sérgio Porto, entre outros. E fez o programa que se tornaria um dos
maiores sucessos da rádio, "Escolinha do Professor Raimundo".
Com a
fama no rádio, nada mais natural do que migrar para a TV. Chico levou o
professor Raimundo para a extinta Tupi, onde apareceu pela primeira no
vídeo no programa "Aí vem D. Isaura", de Haroldo Barbosa, estrelado por
Ema D'Ávila. O personagem era um tio da protagonista que vinha do
Nordeste. O ator também esteve em programas de humor como "Noites
cariocas", "O riso é o limite" e "Praça da alegria".
O diretor
Carlos Manga, para quem Chico Anysio já havia escrito 18 chanchadas da
Atlântida, aproveitou o surgimento do videotape e propôs ao humorista
gravar um programa com seus personagens. Surgia aí o "Chico Anysio
show", a base dos outros programas que o comediante estrelaria na TV
durante os anos seguintes. Na TV, Chico Anysio passou também pela TV
Excelsior e Record, como uma das estrelas dos programas "Essa noite se
improvisa" e "Vamos Simbora", com Wilson Simonal.
Ele criou mais
de 200 personagens. Com o nome artístico de Chico Anysio, fez
"Espetáculos Tonelux", em 1953, e "O homem e o riso", em 1964. Em 69,
subiu ao palco com o "Chico Anysio só" e foi assistido por 150 mil
pessoas nos oitos meses da temporada. Entre os curiosos tipos que criou,
fizeram sucesso o coronel Pantaleão, Bozó, Alberto Roberto, Salomé,
Painho e Justo Veríssimo.
Chico também escreveu livros de humor,
como "O telefone amarelo", "O batizado da vaca", "A curva do calombo" e
"É mentira, Terta", e o romance "Carapau". Ele também era pintor e
compôs várias músicas, muitas delas registradas por Dolores Duran. Com
Arnaud Rodrigues, formou a dupla Baianos e Novos Caetanos, e gravou um
disco.
O humorista estava na TV Globo há mais de 30 anos, onde
comandou "Chico City", "Chico Anysio Show", "Chico total", "O belo e as
feras" e "A escolinha do professor Raimundo" (criada em 52). Também teve
quadros no "Gente inocente!?" e "Zorra total". Como ator, fez
participações especiais na minissérie "Engraçadinha" e no filme "Tieta".
Torcedor do Vasco e do Palmeiras, na Copa do Mundo de 90, na Itália,
ele engrossou o time de comentaristas da Globo.
Entre as novelas
em que atuou na TV Globo estão "Feijão maravilha" (1979), "Terra Nostra"
(1999), "Sinhá Moça" (2006), "Pé na Jaca" (2006), e "Caminho das
Índias" (2009) - o ator fez uma participação especial na novela de
Glória Perez, no papel de Namit, um diretor de filmes trambiqueiro.
No
cinema, trabalhou em diversos filmes desde a década de 1950, incluindo
"Tieta do Agreste" (1996), e "Se eu fosse você 2" (2008). Mais
recentemente, o humorista poderia ser visto no ar no programa "Zorra
total", como o personagem Bento Carneiro.
Fonte: Jornal O GLOBO
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